A próxima semana promete ser agitada, com três eventos importantes. Primeiro, há a reunião do Federal Reserve, cujos resultados serão anunciados na quarta-feira, 29 de outubro. Em segundo lugar, a reunião de outubro do Banco Central Europeu ocorrerá no dia seguinte, 30 de outubro. Por fim, a cúpula da APEC será realizada na Coreia do Sul.
Esses três pilares formarão a agenda informativa da semana, enquanto todos os outros fatores fundamentais terão um papel secundário para os negociadores do par EUR/USD.
FOMCO Federal Reserve deve cortar as taxas de juros em 25 pontos-base em sua reunião de outubro,— e há poucas dúvidas quanto a isso, considerando a retórica recente de Jerome Powell e de outros membros do Fed. Além disso, o relatório do CPI divulgado recentemente, que apontou uma desaceleração da inflação subjacente nos Estados Unidos, reforça ainda mais essa expectativa.
De acordo com a ferramenta CME FedWatch, a probabilidade de um corte de 25 pontos-base na reunião de outubro é de 98,5%. Tal nível de confiança indica que o corte já está totalmente precificado pelo mercado, o que significa que os resultados formais da reunião provavelmente terão impacto limitado sobre os ativos de risco. A principal incerteza agora recai sobre o ritmo futuro do afrouxamento monetário.
Por exemplo, o mercado atribui 91% de probabilidade a outro corte de 25 pontos-base em dezembro, conforme precificação atual. Essa visão também é apoiada por uma pesquisa recente da Reuters, na qual 115 dos 117 economistas consultados esperam um corte em outubro, e 83 preveem um novo ajuste em dezembro.
Qualquer hesitação do Fed em sinalizar um corte adicional em dezembro poderá ser interpretada como positiva para o dólar americano.
Entretanto, o Fed enfrenta o desafio de tomar decisões em meio a um vácuo informativo, consequência do shutdown do governo em andamento. O banco central dispõe apenas de um conjunto limitado de dados, incluindo o já citado relatório do CPI, os índices PMI (que superaram as expectativas e permaneceram na zona de expansão) e o relatório da ADP, que mostrou uma redução de 30 mil empregos no setor privado.
É provável que Jerome Powell reafirme os pontos apresentados em sua última coletiva de imprensa, enfatizando que o Fed está agora mais atento aos riscos de enfraquecimento do mercado de trabalho, mas que novos cortes dependerão dos dados futuros — que, por ora, permanecem incompletos.
O mercado poderá interpretar essa postura como ligeiramente hawkish, já que Powell não deve sinalizar abertamente outra rodada de cortes em dezembro.
BCENão há intriga aqui. Após sua reunião de outubro, o Banco Central Europeu quase certamente manterá as taxas de juros nos níveis atuais e confirmará uma posição de espera. Como mencionado recentemente por um dos representantes do BCE — o chefe interino do banco central esloveno, Primoz Dolenc — "não há razões para mudar as taxas nos próximos meses." Segundo ele, o banco central manterá uma posição de espera no futuro previsível "a menos que novos choques econômicos ocorram." Muitos outros representantes do BCE expressaram opiniões semelhantes, indicando que o cenário básico do banco central permanece o de manter o status quo.
Deixe-me lembrar que, de acordo com os dados mais recentes, o Índice de Preços ao Consumidor (IPC) geral da Alemanha em setembro subiu para 2,4% na comparação anual — seu nível mais alto desde dezembro passado (o indicador registrou crescimento por dois meses consecutivos). O Índice Harmonizado também acelerou para 2,4% na comparação anual — seu nível mais alto desde fevereiro deste ano. O IPC geral da Zona do Euro subiu para 2,2% na comparação anual, enquanto a inflação subjacente permaneceu inalterada em 2,3%. Isso indica que a inflação na Zona do Euro está acima da meta do BCE, permitindo que o banco central mantenha uma pausa nas próximas reuniões.
Se o banco central seguir o cenário base, o mais esperado, é provável que o mercado ignore a reunião de outubro, especialmente devido à próxima cúpula da APEC — o evento mais importante da semana.
APECNo dia 30 de outubro, terá início a cúpula da Cooperação Econômica Ásia-Pacífico (APEC), na Coreia do Sul, onde está prevista uma reunião entre Donald Trump e o presidente chinês Xi Jinping. O encontro é de grande relevância, especialmente diante das tensões crescentes entre os Estados Unidos e a China.
Antes da cúpula, ambos os lados trocaram "tiros de aviso": a China anunciou novos controles de exportação sobre metais de terras raras, com entrada em vigor em 1º de dezembro, enquanto os EUA impuseram tarifas adicionais de 100% sobre produtos chineses, com início em 1º de novembro. Assim, os resultados da reunião poderão evoluir em dois caminhos opostos — escalada ou desescalada das tensões comerciais.
Durante uma coletiva de imprensa na Malásia, Donald Trump expressou confiança de que Washington e Pequim poderiam alcançar um "bom acordo" durante as negociações. No entanto, muitos analistas duvidam que a reunião na Coreia do Sul produza avanços significativos.
Fontes da Reuters envolvidas na preparação da visita não descartam a possibilidade de que as negociações presenciais terminem sem resultados concretos, com os líderes dos EUA e da China limitando-se a declarações genéricas, sem passos efetivos em direção à desescalada.
Nesse cenário, o dólar americano pode enfrentar forte pressão de venda nos mercados globais, inclusive em relação ao euro. Por outro lado, se Trump e Xi Jinping adotarem medidas mútuas de alívio das tensões comerciais, é provável que a demanda pela moeda americana volte a aumentar.
Análise técnicaDo ponto de vista técnico, o par EUR/USD, no gráfico diário (D1), permanece posicionado entre as linhas média e inferior das Bandas de Bollinger e abaixo de todas as linhas do indicador Ichimoku, incluindo a nuvem Kumo. Essa configuração reforça a prioridade para posições vendidas, especialmente considerando que os compradores não conseguiram romper a resistência temporária em 1,1650, nível que coincide tanto com a linha média das Bandas de Bollinger quanto com a borda inferior da nuvem Kumo.
Entretanto, vale destacar que o par tem se mantido dentro da faixa de 1,1560–1,1730 nas últimas três semanas, com a borda inferior correspondendo à linha inferior das Bandas de Bollinger no D1 e a borda superior alinhada à linha Tenkan-sen no gráfico semanal (W1). Todos os movimentos de alta e baixa nesse período ocorreram dentro desse corredor de preços. Se os compradores não conseguirem romper a resistência em 1,1650, os vendedores provavelmente retomarão a iniciativa, embora a região de 1,1560 deva limitar o potencial de queda.
Em minha avaliação, os traders de EUR/USD devem permanecer cautelosos nos próximos dias, ao menos até a divulgação dos resultados da reunião do FOMC de outubro. Até lá, o par tende a oscilar dentro da ampla faixa de 1,1560–1,1730, reagindo de forma impulsiva a indicadores secundários, como os índices IFO e o índice de confiança do consumidor dos EUA, enquanto aguarda os eventos-chave da semana, que deverão definir a direção predominante do movimento dos preços.